Poemas de Ana P de Madureira
SEMPRE !
o céu ungindo
as asas que se exclamam
no predilecto voo
de brancas palavras abertas
e nas mãos o vermelho
exibindo o raiar da vida
latejada nas veias
de um rio sôfrego
por se banhar livre
***
divino o transe
que no meu sangue é vinho
e danço na febre da pele
com a fúria nos olhos
suando o chão
explodindo os bagos
que me crescem no ventre
e me molham a fome
e desmedida oferto-me-te
no despudor em que nasço
néctar embriagado
na embriagante
celebração do urro
vindimado
com os pés da alma
tão nús
com que me tomas
requinte da loucura
o que se despe da morte
IN, Nos Dedos as Palavras